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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

PAULO BRANDÃO

( Minas Gerais – Brasil )

( 1883 - 1928 )


Paulo Emílio da Silva Brandão  nasceu em Ouro Preto.
Doutorou-se pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, hoje integrada à UFMG. Foi advogado, professor e jornalista.  Editou em Ouro Preto os jornais: O Radical e o Correio da Noite, colaborando
ainda em jornais e revistas da época.
Obras: Poemas do Sonho e da Saudade, Alma Antiga, tendo deixado inédito L´Enunul de Heures, Contos do Farol e outros trabalhos.
Pertenceu à Academia Mineira de Letras.

 

 

SANTOS, Diva Ruas.  Antologia da Poesia Mineira.  Belo Horizonte: Ed. Cuatiara, 1992.        192 p.  Capa e montagem Maxs Portes. Editora: Diva Ruas Santos    - Apresentação: Alberto Barroca. 
Ex. bibl. Antonio Miranda 


ESTIO

É chegada a sazão das louras searas,
Que ondeiam, longe, em flavas ondas de ouro,
A este retiro, em que se escuta em coro
Das aves, concertando as vozes claras...

O sol no céu cintila, ardente e louro...
Já dentre as folhas últimas e raras,
Já expande, à luz das árvores avaras
O sazonado e púrpuro tesouro...

Sob estas velhas árvores descansa
O corpo, ouvindo os pássaros e o manso
Mugir dos bois, enquanto dorme o dia...

Enche-me a paz ignotas que as domina,
E a luz contemplo e a esfera cristalina,
Que dos altos frutos de ouro se atavia.

 

LIVRO DOS POEMAS.  LIVRO DOS SONETOS; LIVRO DO CORPO;  LIVRO DOS DESAFOROS; LIVRO DAS CORTESÃS; LIVRO DOS BICHOS.  Org. Sergio Faraco.   Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p.   ISBN 978-85-254-1839-1839-5                   Ex. bibl. Antonio Miranda

                                                          
De:  Livro dos bichos:

               

                A CONCHA*


Quem saberá o tempo e os mares que as correntes,
as ondas, as marés, ó concha nacarada,
fizeram-te rolar sozinha e abandonada
na escura profundez das águas transparentes?...

Na areia, sob o céu, longe do oceano, sentes
hoje a saudade cruel da vida antepassada...
Mas tua esp´rança é vã!... Longa e desesperada
em ti soluça a voz das vagas inclementes...

Minh´alma se tornou uma prisão sonora;
e como em ti suspira e eternamente chora
a grande voz do mar, num quérulo clamor,

assim do coração onde Ela sempre existe,
surdo, insensível, lento, amargurado e triste,
sobe um longo marulho, um íntimo rumor...

 

*Versão de soneto do poeta francês – cubano de nascimento — José Maria de Heredia (1842-1903)

 

*

Página ampliada e republicada em fevereiro de 2023.

 

 

*



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Página publicada em agosto de 2022                                     

 


 

 

 
 
 
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